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Como criar seu planejamento de carreira
A técnica que eu uso para definir objetivos profissionais e traçar um plano de carreira infalível.

O primeiro passo quando falamos de planejamento de carreira é responder a pergunta:
Onde você deseja chegar?
Se você não define isso direito, você não consegue tomar decisão.
"Para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve"

Gato, Alice no País das Maravilhas
Isso parece bobo, mas se você não para para definir um objetivo, você entra no piloto automático, o tempo vai passando, você vai entrando na rotina e derepente está estagnado ou deixou um monte de oportunidade passar.
Definindo objetivo
Definir “onde você quer chegar”, passa por algumas decisões e a partir disso algumas consequências, por exemplo:
Você quer ter muito dinheiro?
Ok, mas quanto? Salário de R$30.000 é seu objetivo? Patrimônio de R$3MM, R$10MM, R$100MM, R$1BI?
Parece bobeira, mas se seu objetivo é R$1BI e você não quer empreender, então você está viajando, pois é impossível.
Agora se você quer ter um patrimônio de R$100MM sem empreender, algumas pessoas vão falar que é impossível, mas talvez não. Ser CEO de grandes empresas é um possível caminho para você.

Outro exemplo, o salário do Tim Cook da Apple, foi de US$ 63,21 milhões em 2023. Logicamente, esses caras se tornam sócios, no final do dia é empreender, mas a trilha de carreira não necessariamente foi construindo empresas do zero.
O ponto aqui não é querer ser CEO ou não, é onde você quer chegar. O patamar que você quer chegar vai determinar os possíveis caminhos. Não adianta você querer ser multi milionário e achar que ficar aplicando no CDB vai fazer você chegar lá.
Defina seu objetivo e pense quais caminhos podem te levar a ele.
Outra possível reflexão:
Você quer empreender no futuro?
Se sim, você precisa acumular muita experiência, é bom que você passe por cargos de gestão, desenvolva visão de negócio. Para você aqui o ideal é trabalhar com consultorias, ser diretor em empresa. Outro ponto, você precisa de dinheiro, então aumentar seu salário e juntar dinheiro precisa ser uma prioridade.
Esquece essa falácia de empreender muito jovem e arriscar tudo. Se você olhar para os outliers e querer definir seu padrão a chance de você se ferrar é maior.
A média de idade de founders de startups de alto crescimento é 45 anos

Mais uma vez:
Defina seu objetivo e pense quais caminhos podem te levar a ele.
Outra reflexão:
Você quer viajar o mundo conhecer 60 países?
Ok, então busque um emprego remoto e PJ, porque se você for CLT, com férias uma vez ao ano, não dá.
Parece óbvio, mas as vezes a gente não coloca o tico e teco pra funcionar, fica deixando a vida nos levar e não direciona nossos esforços para aproximar a gente dos nossos objetivos.
E aí, qualquer proposta de emprego, qualquer ideia, qualquer projeto tira a gente do prumo. Isso é péssimo.
Exemplo de definição de objetivo
Imagine agora, que você é um Analista de Marketing e tem objetivo de ter uma vida confortável, um salário de R$50.000, não quer empreender e quer ter muito tempo livre pra passar com sua família e viajar.
Se eu fosse esse cara eu desenharia alguns cenários possíveis. Vamos a eles:
1) Me tornar um diretor de Marketing é um caminho. Mas não de qualquer empresa. Um CMO de uma empresa que fatura R$5MM por ano não vai pagar isso. Esse salário geralmente você vai encontrar em empresa que faturam mais de R$300 milhões por ano. Como eu sei isso? Pesquisando e conversando. Olha essa info abaixo:

Se um CEO ganho isso, um CMO deve ganhar uns 80%/90% disso.
Isso é apenas um exemplo, mas você consegue encontrar pesquisas apenas para CMO.
Ótimo, agora eu já sei que eu preciso ser CMO de empresas que faturam mais de R$300MM no ano.
Agora, essa escolha de CMO tem um problema. Talvez você tenha uma agenda super corrida e pouco tempo pra família.
Então entra a opção 2: Trabalhar na gringa em uma posição menor.
R$50.000 é mais um menos US$10.0000. Esse valor você consegue sendo Analista sênior ou Coordenador. Depende muito do país e da empresa.
Mas reparem. São caminhos diferentes pra caramba.
Se fosse escolher ser CMO eu faria um MBA, começaria a estudar inglês mas não com muita velocidade,pensaria em estudar espanhol em algum momento da minha carreira e criaria uma trilha de carreira mais generalista e mais direcionada a branding. Buscaria passar por empresas renomadas para carimbar meu currículo. Investiria muito em networking, ir pra São Paulo, seria necessário.
Se fosse escolher trampar na gringa, inglês seria super prioridade, eu não faria MBA, eu buscaria ficar mais tempo na mesma área para me tornar especialista naquilo. Eu entenderia que tipo de vaga de marketing que mais contrata na gringa e focaria naquela stack. Eu entraia em uma comunidade de quem trabalho no exterior. Não iria morar em São Paulo, isso só aumentaria meu custo de vida.
Escolher a opção 2 parece ser mais rápido e fácil. Sim, mas carreira internacional também tem seus problemas. Você geralmente é mais descartável, você não cria networking no seu país, as pessoas não te conhecem. Com a tendência de redução de vagas home office talvez você passe aperto em algum momento ou tenha que sair do país.
Talvez reconhecimento seja importate pra você então ser CMO de uma empresa conhecida brilhe mais seus olhos do que ser coordenador de growth da startup xpto da Lituânia. Talvez construir um case de crescimento de uma startup, independente se ela é conhecida ou não, seja algo que te deixa mais animado.
Não tem resposta certa, você só precisa pensar sobre sua carreira e seus objetivos.
E lembre-se, carreira vai além de salário, cargo e empresa. Pense na sua vida pessoal e como usar sua carreira pra levar você onde você deseja.
Definindo um plano
Repare que logo depois que você define o objetivo, vem a definição do plano. Como mostrei acima o plano pra ser um CMO é diferente do plano pra trabalhar na gringa.
Geralmente o seu plano é uma combinado de três potinhos: dinheiro, experiências e networking.
Vamos a alguns cenários:
Fulano quer ser diretor de uma grande empresa
Esse cara precisa do potinho experiência cheio. Se eu fosse esse cara eu buscaria trabalhar em empresas conhecidas, usar a marca das empresa pra carimbar o currículo. Eu faria um MBA também, de preferência no exterior.
Como eu sei disso? Olhando o Linkedin de caras que chegaram lá e entendendo o que tem de comum na trajetória dessas pessoas.
Abaixo você encontra o linkedin do VP de Marketing da Ambev, Daniel Waks. Ele entrou na AMBEV em 2008 e se tornou diretor em 2016, tendo promoções anualmente. Teve diversas experiências internacionais e hoje está focado no mercado brasileiro.

A Juliana Cury já teve uma trajetória diferente. Hoje ela é CMO do Santander, ficou 12 anos no Itau, foi para o Burger King e agora voltou para o mercado financeiro no Santander.

Essas grandes empresas geralmente contratam pessoas que tem muita experiência no mercado. Em alguns casos você vê um C-level que não é do mercado da empresa e vem derepente pra trazer uma visão diferente , um exemplo atual é da Paula Harraca, recente CEO do grupo Ânima que tem sua carreira na Arcelor Mittal, empresa de aço.
É mais raro, mas também é possível. Ou seja, construir uma carreira no mesmo mercado, pode ser uma boa estratégia. Ficar pingando de mercado pra mercado pode ser ruim, a não ser que sejam em empresas conhecidas e que vão criar um selo no seu currículo.
Fulano quer empreender pra ter uma startup unicórnio
Empreender nesse nível é uma maratona, não é uma corrida de 100 metros.
Pra empreender assim você precisa acumular as três caixinhas muito bem: capital, conhecimento, networking.
Se você tem esses três potes cheios, fica mais fácil. Agora se você não tem esses potes cheios, vai ser muito mais difícil.
As vezes é melhor você ficar empreendendo com dinheiro dos outros, sem risco acumulando essas coisas, por 10 anos, e depois em 3 anos você resolve sua vida empreendendo, do que ficar 10 anos se ferrando emprendendo sem experiência.
Mas Mateus, o aluno do ITA que criou um unicórnio…
Primeiro: você passou no ITA?
Segundo: quantos fizeram isso?
Cuidado com os outliers.
Entenda que o empreendedor começa a trabalhar não quando ele abre o CNPJ, mas a partir do momento que ele começar a direcionar sua carreira pro objetivo de abrir uma empresa.
Você não precisa de um CNPJ pra começar. Se você já trabalha em um lugar, acumula conhecimento e networking você já está construindo a base para o seu negócio.
Abaixo dois exemplos de trajetória:
Sergio Furio → Fundador da Creditas, passou pela BCG.
Eduardo Baer → Fundador do Ifood, passou pela Bain.
Curiosamente a Cristina Junqueira, founder do Nubank, também passou pela BCG.
Parece coincidência mas não é. Essas consultorias formam bons empreendedores.


Se você for pesquisar a maioria dos grandes fundadores de empresa no Brasil, você vai ver que a maioria acumulou experiências profissionais interessantes antes de empreender.
Fulano quer empreender pra ter uma franquia
Nesse caso você precisa encher o potinho do capital e um pouco de conhecimento.
Não é uma ciência de outro mundo você ter uma fraquia.
Você conversando com várias pessoas, empreendedores e tendo dinheiro você consegue tocar esse projeto.
Viu como depende de caso a caso?!
Repare então, que analisar trajetória de pessoas é uma excelente estratégia para você criar o seu próprio planejamento de carreira.
Os exemplos de objetivo e planos que eu coloquei aqui são limitidas. É impossível criar uma regra pra todas, mas a ideia aqui é você entender o raciocínio que consiste primeiro em definir o objetivo e depois entender como as pessoas fizeram para chegar lá.
Mudança de rota
Algo importante de se entender é que mudanças de rotas são necessárias.
As vezes você faz uma escolha errada, você só entende depois.
E ta tudo bem mudar. Está tudo bem você omitir uma experiência no linkedin ou nem citá-la na sua entrevista de emprego.
Você consegue contar a sua história de diferentes maneiras, use isso a seu favor.
As vezes você começou a direcionar sua carreira pra ser um diretor mas surgiu uma baita oportunidade de trabalhar na gringa para uma startup desconnhecida. Nesse caso vale mais uma vez fazer uma leitura e projeção de cenário:
1) O que essa experiência vai me entregar? um possível case profissional? grana? um novo idioma?
2) O que eu deixo ou perco? uma possível promoção na empresa que eu estou? um stock option? Um chefe bom? Um time que me apoia?
Nessas mudanças só tome cuidado com esses aspectos:
1) Dinheiro. Não tome decisões olhando apenas para dinheiro de curto prazo. Se você é o cara que quer R$100MM de patrimônio, você realmente está animado com um aumento de 15% no seu salário? Ganhos de curto prazo, as vezes podem te tirar da rota que você está.
2) Sentimentos. A gente sempre fica puto no trabalho, desanimado, triste. Se toda hora que você ficar triste você for mudar de emprego você vai mudar de três em três meses. Emprego não é parque de diversão, você não tem que estar feliz todo o tempo. Por outro lado, não fica com pena do seu empregador. Ele não vai pensar muito pra te desligar quando ele precisar. Coloque sua carreira sempre em primeiro lugar.
3) Pessoas. As vezes ganhar bem te ajuda até você descobrir que você vai trabalhar com gente ruim, que você vai ficar estagnado. As vezes vale a pena você ir ganhar menos pra trabalhar com um cara muito foda que você admira. Você vai aprender com ele e crescer muito. Olhar para o time que você vai trabalhar é fundamental.
4) Desafios. Se preocupe com o que você vai fazer. Não adianta olhar pra cargo e salário apenas. Como será sua rotina? Qual o problema que você vai ter pra resolver? Desafios geram cases, que geram histórias para serem contadas, que você vai usar pra ter acesso a outros desafios e assim por diante. Bons contratantes não vão olhar apenas para as posições que você passou mas principalmente para o que você construiu.
Conclusão
Vamos então, ao guia final para criar um bom planejamento de carreira.
Primeiro passo: Defina seu objetivo de vida;
Segundo passo: Identifique pessoas que chegaram nesse objetivo e analise sua trajetória profissional;
Terceiro passo: Crie o seu plano;
Quarto passo: Adapte sua estratégia e muito cuidado com: dinheiro, sentimento, pessoas e desafios.
Espero que essa leitura contribua para sua carreira.
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Tamo junto!
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